terça-feira, abril 15, 2014

De pai para filho: O pedido.

Hi there!

Certa vez passou por mim a ideia de deixar de escrever por aqui e algum tempo se passou e um pouco de poeira acabou ocupando este lugar...

Nove anos!

Sim, daqui quatro dias completo quatro anos de existência neste lugar, ora ínfima, ora infinita...
Seria tolice, talvez, esquecer todo esse tempo por mera preguiça ou receio, somos fruto do tempo, do ontem, do hoje e até mesmo da vontade do amanhã!
Diversas ciclos passaram, momentos diferentes foram vividos, personagens de outrora estiveram ao lado de uma vida que muito mudou..

Mudanças.
Uso constante que não parece sequer existir quando sem intervalos.

Com essa vontade, registro mais um ciclo, ciclo que pertence a metade de um devaneio e outra metade da realidade... Aquele momento ímpar chamado "O pedido"

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Era um final de semana como um qualquer, daquelas tardes de sábado que se tem muita preguiça...


João, já na altura dos seus 20 e poucos anos me acompanhava em alguma trilogia que pouco me recordo sobre o título, lembro que envolvia figuras cheias de fantasias, elfos, magos e anões...



Não era normal que ele ficasse em casa em um dia como esse, ainda mais assistindo filmes que não eram nenhuma novidade... Passava por vezes em minha cabeça a motivação, mas preferi deixá-lo em seu silêncio, afinal todo ser humano precisa de seu espaço em seu infinito particular...



Por horas a fio notava que ele tinha um olhar distante, do tipo que apenas fita os olhos em direção a TV sem sequer prestar atenção, e era perceptível que a ausência dividia espaço em sua presença...



Em meio ao barulho da TV disparei: 

-Você viu aquilo?!


E da mesma maneira que alguém desperta de um transe ouvi:

-Oi pai...? Quer dizer... Senhor? Não vi... O que era mesmo?

Foi sacramentado, o moleque estava mais voado que pipa em céu de férias... Cheio de curiosidade, tentei invadir aquele infinito que se arrastava em silêncio bem ao meu lado
-Tá tudo bem filho? Você tá meio aéreo...


João era um rapaz que exalava simpatia, jovem de alta estatura do tipo sorridente e educado... Sempre bem humorado, registrando com seu sorriso todo momento convivido, carregava nitidamente as feições da mãe, era um sorriso puro e marcante, conjugado com os olhos claros e de cor única... Sua personalidade era cercada de bondade, não me lembro de ter visto algum caso em que se negasse ajuda ou que não estivesse disposto a cumprir qualquer tarefa... Traços que sempre carregara desde a infância...


Toda essa simpatia lhe rendeu alguns amores fugazes, dentre poucos outros de longa duração. João estava em um relacionamento quase três anos, e namorava uma garota maravilhosa, Marina era uma moça de personalidade forte, filha de um senhor que carregava o jeito tradicional de família que não se encontrava facilmente na maluca rotina de grandes cidades. Era moça séria, tal qual sua família.

Sereno, João respondeu titubeando:
-Sabe o que é pai... - suspirando continuou - sabe quando você "sabe o que quer" mas não "sabe como fazer"? É mais ou menos isso..

Por alguns segundos me vi naquele rapaz, aquele João de aparente sabedoria estava mergulhado em uma confusão que sequer sabia expressar..

-Filho, tá acontecendo algo entre você e a Mari?

Ele apenas acenou com a cabeça, me fazendo pensar mil coisas, certa vez ele rompeu um relacionamento que abalou toda a casa, ele passou atônito por dias, indiferente e tristonho, totalmente diferente do João de sempre... Meu maior medo era que aquilo se repetisse...  Notando minha expressão preocupada rapidamente retrucou:

-Hey pai, fica tranquilo, tá tudo ótimo! Maravilhoso por sinal... é que quero mudar algumas coisas... se é que me entende...


Era uma sensação diferente de tudo que já tinha vivido, até mesmo com o nascimento das meninas jamais havia experimentado uma sensação onde o sentimento de perda e ganho se misturasse mesmo sem saber o que exatamente estava acontecendo... Apenas levantei as sobrancelhas, inclinando a cabeça como quem quer dizer "Pode ser mais claro?", e ele continuou...


-Pai, quero pedir a Mari em casamento...

Em poucos minutos de conversa, minha história passou como um filme na minha cabeça... desde o pedido de namoro até o nascimento de minha caçula Sophia...

- Filho, nos dias de hoje algumas coisas estão banalizadas, outras valorizadas mais do que deveriam, mas de fato essa é uma decisão que você deve pensar com carinho... Algumas coisas duram para toda a vida e se você de fato quer isso para toda a vida, se é ela quem você quer para mãe dos teus filhos, se for ela que você quer por toda a vida ao seu lado não perca tempo!

- O problema não é esse pai, tenho a certeza que a amo, ela quem quero para sempre! - disse ele quase que no mesmo instante - O problema é que não sei como fazê-lo! Tudo é mais fácil quando o assunto são as outras pessoas, se qualquer um me perguntasse como fazer algo do tipo, de pronto viria uma porção de ideias, seria muito fácil, mas pra mim simplesmente não consigo nortear nada! Não tenho noção de como fazer, quero dar o céu a ela, provar meu amor, quero fazer com que ela se sinta a única mulher no mundo, que exploda de alegria, que sinta minha vontade de estar para sempre ao lado dela! Isso é tão difícil para mim pai, o senhor não tem noção de como me sinto inseguro por isso... Ela me faz sentir como nunca antes, tudo que eu fizer de bom à ela ainda é pouco do quanto ela merece! Ela merece meu melhor! O senhor a conhece, sabe o quanto ela é maravilhosa! Isso é uma droga! Quero tudo e não consigo fazer nada!


Definitivamente estava diante de alguém sangue do meu sangue, puramente filho meu, não pude nunca antes notar tamanha semelhança de alguém com outro alguém. Aquele era eu, filho meu, reflexo meu.


Em meio a rajada de silêncio, pude tocar seu ombro e acompanhando o olhar dele para mim disse baixinho
-Seja simples... - sentia seu olhar mais confuso ainda, sua respiração ofegante como quem acabara de correr por milhas, olhava com cara de que nada fazia sentido - Filho, seja simples, amar pode parecer complexo, difícil e árduo, pensar assim é errado, é como diz uma antiga canção que entoa mesmo contraditória durante a letra, seu refrão diz 'elementar meu caro amor, amar é simples'... As maiores provas de amor vêm da simplicidade do coração, da simplicidade de uma palavra, da sinceridade de um olhar, de um afago caloroso que exala o amor... Você pode pensar que não, mas em algum lugar do tempo entrei no mesmo turbilhão que você está hoje, e acredite, não foi um começo fácil, mas depois que passei a entender o verdadeiro sentido das coisas, abandonei as ideias espetaculosas...


Pouco a pouco pude ver a serenidade voltando ao seu rosto, agora o sangue parecia correr além da face...


- O senhor tá falando de você e da mamãe?

Acenei positivamente e continuei...
- Filho, com pouco mais que a sua idade eu parecia uma pessoa com ideias inabaláveis, alguém com uma postura que parecia que nunca sequer estaria em dúvida do que queria quando o assunto era coração... Mero engano! Sua mãe me fez e faz sentir um bobo de escola primária até hoje... Quando minha ficha caiu me dei conta que não sabia como poderia pedir para que ela não me deixasse nunca, não sabia como dizer pra ela que era ela quem eu queria para sempre, tive idéias absurdas, desde outdoors na avenida até festa surpresa, mas descobri que o amor é simples e que a melhor maneira de fazer as coisas é sendo verdadeiro e franco... Me preparei tal qual alguém que vai discursar para uma grande platéia, mesmo sabendo que minha maior platéia de incríveis 1,63m de altura estaria diante de mim numa noite que tinha tudo para ser como uma noite qualquer de um jantar a dois... 


Vi em seus olhos a curiosidade e o silêncio de quem espera toda o desenrolar de uma história...

-Em meio a minha insegurança, acabei escrevendo uma pequena carta que guardo com carinho até hoje, confesso que tive medo de esquecer algo e acabei levando no bolso... Após um jantar, pude levá-la para a beira de um lago, escondendo a caixa com anel de noivado de maneira hilária e curiosa dentro da minha meia e desconsertado com o momento tão cheio de nervosismo não pude dizer uma só palavra daquela escritura, tive que caminhar por alguns metros de onde estávamos parando em baixo de uma luz qualquer... Abracei com a força de quem ama e li a carta:

"Pequena,
 Tive que fazer uma colinha, achei que minha mente não conseguiria nortear tudo sozinha, e se eu estiver com esse papel nas mãos agora quer dizer que tinha razão...
Bem, estranho é pensar que eu estaria preparado para tudo, ou quase tudo nessa vida, mas a bem da verdade é que em um determinado momento dela, especificamente depois que me descobri amando você, acabei também descobrindo que eu não estava pronto para muita coisa nessa vida e percebi que estar ao seu lado é o que me faz sentir preparado para qualquer coisa que vier.
Hoje posso te afirmar que embora tenha me planejado por horas, dias ou semanas para me declarar tão profundamente à você, acredito que ainda assim não me sinta seguro tal qual um homem adulto para fazê-lo, mas me sinto como um adolescente que ferve de  nervosismo ao trocar um simples “oi” com aquela paixãozinha da escola.
Apesar de ser um sonhador nato, que apenas escreve o que gostaria de viver desta vez não quero tão somente escrever, quero viver o meu sonho, sonho de ser uma pessoa melhor, um homem melhor, um amigo melhor, namorado melhor, um (futuro) esposo melhor...
Sonho daquele que será eu, você, João, Sophia (um dia te convencerei) e Alice...
Sonho que será repleto de viagens em casal ou em família, onde os passaremos alguns domingos entrelaçados cheios de preguiça no sofá ou fazendo uma grande faxina em casa... Sonho que será poder dormir e acordar ao seu lado, sem nunca mais me despedir no final da noite, mas enfim dando um beijo em você, dizer “Boa noite meu amor!” e dormir abraçado com você.
Agradeço infinitamente a Deus por ter colocado uma pessoa tão maravilhosa em minha vida, por vezes pensei que era muito mais do que merecia e na verdade me caiu a ficha de que era exatamente o que precisava... Exatamente desse jeito, brincalhona e séria, carinhosa e bruta, tão tímida e tão extrovertida... É o paradoxo mais gostoso de toda minha vida! Além de tudo é uma mulher de caráter, “família”, simplesmente maravilhosa, dona de inúmeros adjetivos, você é do tipo “essa é pra casar!”.
Obrigado por ser, mesmo em meio a imperfeição que sou (ou que somos), tão perfeita para mim!
Fazendo uma pausa para a declaração, gostaria de te contar uma história que encontrei por aí, chama-se “A lenda do solitário”.
“Há muito tempo atrás, por volta de 1477 o arquiduque Maximiliano, da Áustria, pediu que fosse encontrado o mais puro diamante, independente de tamanho e que fosse feito um anel simples, liso e com essa única gema cravada. Mas porque tudo isso? Bem, Maximiliano pediu para que criassem o  anel solitário, solitário este feito para presentear Maria de Borgonha e assim oficializar o noivado do casal. O arquiduque colocou a joia no dedo anular da mão esquerda de sua amada afirmando a antiga egípcia de que a vena amoris (veia do amor) corria diretamente no dedo anular para o coração. A partir deste dia a joia adquiriu um significado muito forte respeitado até hoje que é o e a representação do amor únicopuro e eterno.
 O significado não foi dado apenas pelo contexto da história, mas também porque o diamante tem esse significado natural:
·Único: Cada diamante é único, assim como uma impressão digital, não existe outra igual.
·Puro: Pela sua transparência.
· Eterno: Relacionado a dureza do diamante.
No fundo, presentear uma mulher com uma joia dessas significa muito mais do que dar um simples acessório, é tornar externo um sentimento tão bonito que muitas vezes as palavras não são capazes de expressar, que é o amor.” É assim que me sinto pequena, sem palavras que consigam definir o que sinto por você. É amor? É sim, mas sinto como se fosse muito além disso!
É sintonia, cumplicidade, querer bem, felicidade, admiração... Muito mais do que isso é o que sinto por você!
E então, neste momento você deve estar se perguntando “Aonde você quer chegar com tudo isso?
Quero dizer que é você quem quero até o fim da minha vida... Quero dizer que é você que quero ouvir meus filhos chamar de mãe... Que é você quem quero que carregue meu sobrenome, que entenda meus defeitos mas que enxergue minhas qualidades... Quero dizer que é com você que quero pronunciar e viver palavras de amor eterno sob o altar, sob os olhos e a benção de Deus...
E por fim, não quero mais dizer, mas quero ouvi-la dizer uma pequena resposta, resposta que irá selar todo o nosso inicio e meio, sem nunca um fim..."
-Nesse momento pude ajoelhar como um cavalheiro a quem pede a mão de uma dama em casamento, estendi a caixa do anel abrindo aos poucos e disse:
"- Casa comigo?"


-Filho, eu sentia o coração da sua mão em meu peito enquanto lia e nunca vi sua mãe nervosa como estava naquele dia, ouvi "sim" que se confundia com o choro e ao segurar a mão dela para colocar o anel sentia um tremor enorme enquanto colocava o anel em seu dedo anelar direito...



Vi João compenetrado com toda a história, com um sorriso bobo como uma criança que escuta um conto ou uma fábula e com o mesmo sorriso bobo ele avançou com um abraço impetuoso dizendo "-Meu velho, você é mesmo um maluco sonhador! Obrigado pai!"



Na mesma velocidade que fui abraçado pude ver meu filho expulsar a preocupação e ser tomado por uma notória felicidade, aquele sim era meu João!


Saiu com os pés de vento pela porta, gritando "Pai, amar é simples!"

Mal sabia ele que estava a um passo de mudar toda sua vida...
Mudar para melhor e começar sua própria família!

quinta-feira, novembro 22, 2012

A velha conversa de Pierrot com Arlequim

Há quem diga que nunca, um dia sequer, acreditou poder viver um conto...
Por muitos dias em minha vida fui misto de Arlequim e Pierrot, e lembrando desta fase lembrei-me de um velho texto que por dias foi martelado em minha consciência...

Conforme a publicação, ele é de autoria de "Fernando de Camp", porém não consegui encontrar referências além deste link no Recando das Letras e aí está a fonte...

Um dia li, hj reli, e espero para sempre poder sonhar com contos em minha vida...


Um ciclo que relembrei e resolvi eternizar por aqui.....
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Conversa de Pierrot com Arlequim

Pierrot: Arlequim, essa noite tive um sonho... desses que se sonha... flores densas e desbotadas desciam do céu com toda a brutalidade, cobriam a relva pictórica como a alegria de um abraço. Dele, se avistava o desenho mais lindo e lúdico. Fitou-me como quem espera uma paixão pra vida inteira, um sentimento de carinho e dor que se misturavam. Contudo, a tristeza da incerteza e o calor que vazava do peito me abateram como se quisesse beijar os seus olhos. Fiz sonhar em mim mesmo de que aquele era o meu amor. E enquanto me ocupava com meus devaneios ela se foi. Despertei no banco da praça com meu ar pálido e distraído.
   
Arlequim: Hahaha... não era sonho Pierrot pueril. Eu também a vi... chamava-se Colombina. Loira como o bordado do sol que rasga o céu e branca que até mesmo o mais belo alvor se esconderia diante de tal beleza e delicadeza.

Pierrot: Me lamentei depois, mas ainda a espero... tenho esperanças de ainda a ver, pra lhe contar todas as minhas aventuras e decepções. Olhe Arlequim, você sabe o que é ter e mais tarde perder a quem se ama. Você sabe o que é ver quem se quer partir, mas ainda assim supera a dor com outro amor. Já me cansei de casos vazios, de lamentos aparentemente verdadeiros, da dor que emana da flor despedaçada, pois sei que tenho pressa e que de tantas paixões não é possível que não sobre nem uma pr'a mim.

Arlequim: Vamos Pierrot, você bem sabe que eu não acredito em suposições, em quimeras. O passado é concreto, certo e inquebrantável, o futuro é vago, não há como distinguir ou programar sonhos, todos são de confete... por isso, sabe bem, o presente é a minha casa, aqui fico seguro para beber em meus pensamentos, aqui as coisas acontecem com a brutalidade de sempre, mas ainda há tempo de mudar, de se esquivar...

Pierrot: Mas porque se esquivar de tal beleza? Colombina, como você diz, era o crepúsculo do dia, até o mais fausto Rei se curvaria debaixo dos seus olhos. O desejo de beija-la era inexorável e sentia que ela também o desejava.

Arlequim: E porque não o fez?

Pierrot: Não poderia, era tão imaculada que seria para mim quase uma heresia.

Arlequim: Pois eu o fiz.

Pierrot: Como? A dor que bebes do meu peito já não lhe basta? Ainda assim quer me confrontar com a sua lascívia? Como se atreve?

Arlequim: Pierrot, figura patética, se acalme. Quer que lhe conte como foi?

Pierrot: A sua petulância e luxúria me causam náuseas.

Arlequim: Pois bem, assim se deu o acontecido.
Na mesma noite em que a viste
A encontrei pouco antes
Debaixo de um orvalho
Entre as flores do campo
Nos olhamos como dois pássaros
Mas sem asas
E dei-lhe o que você deseja tanto
Passado o tempo com ajuda do vento
Colombina me desdenhou
Enquanto perdia sangue
E sentia ainda o gosto dos seus lábios
Correu de encontro ao nevoeiro
Indo mais tarde conhecer
Um Pierrot brasileiro

Pierrot: Seu conto é tão abstrato como meu sonho, Arlequim apaixonado.

Arlequim: Sim, mas a paixão passa com o tempo, desse sentimento eu entendo. O amor que tanto pregas é sofrido e indulgente, a paixão é remontada com os pedaços de sensações, boas sensações. Com o tempo se transforma em lubricidade, prazer, são evocações para que o beijo doce de Colombina seja o único a não esquecer.

Pierrot: O amor verdadeiro é o pior dos golpes, por isso o deixam para o final.

Arlequim: O amor que você diz ser verdadeiro não existe. São todos sonhos...

Pierrot: Mas é tão verdadeiro sonhar!

Arlequim: Esse mesmo amor singelo e puro que te faz enveredar pelos devaneios do pensamento lhe dando carícias é o mesmo que te apunhá-la e sangra pelas costas. O vulto suntuoso desse amor cobre de esperanças e riquezas a sombra da lua que te banha. Teu amor é de brinquedo.

Pierrot: E de brinquedo se fazem os beijos e agrados que tanto tens com muitas em uma noite, mas que nada lhe proporcionam ao amanhecer do outro dia. Não sou tão simples assim Arlequim, meus desejos podem ser inalcançáveis, mas ao menos os tenho. Esses sentimentos que ainda não entende só mostram como somos diferentes.

Arlequim: Levando em conta a sinceridade que se mistura com a ingenuidade de uma criança, posso lhe confidenciar que você é um poeta. Vive porque quer achar um modo de viver. Mas há uma gota de sangue em cada poema que você escreve. Esquece Pierrot ilusório, leva a vida de cântico, assim como eu. De tristeza romântica você só enche o mundo com o som de um Pierrot tristonho... e depois?

Pierrot: Qual tristeza não é senão romântica? As outras são considerações sobre assuntos de velhos, recordações que são muitas vezes inventadas no imaginário desses irrefreáveis bobos.
Arlequim: Concordo com suas considerações. Bobos são aqueles que inventam no seu imaginário algo que não fizeram, acreditando, mais tarde, com a insistência da mentira que tudo que diz é verdade, que realmente aconteceu. Pois bem, quem seria este bobo Pierrot?

Pierrot: Então, somos todos bobos, Arlequim sem coração. Em que lugar guarda os seus sonhos? Os meus, os guardo onde posso pegá-los.

Construí então um nada
E forrei com perfume amadeirado
O mesmo que você usava
Que era pr'a me confundir
E sentir um pouco de você
Se a escolha é sua
Espera o verão passar
Que o tempo que sobrar
A gente põe na mão
Feito areia
E deixa escorrer pelos dedos

Arlequim: Eterno sonhador...

Fiz então os olhos perfeitos
De um corpo que um dia
Nunca sonhei
E tinha o beijo mais doce
Que minha boca sorrindo
Fez questão de lembrar


Arlequim: Enfim, meu caro amigo, Arlequim sempre foi um Arlequim e Pierrot será sempre um sonhador que se esconde no seu paraíso onírico acreditando que amor e dor deveriam ser a mesma palavra.

E Pierrot chorou, ao lhe dizerem que era pra esquecer e começar tudo de novo... mais uma chamada pro tecido desbotado, que balançava pra lá e pra cá, pra lá e pra cá...
Fernando de Camp

quarta-feira, setembro 05, 2012

E afinal...o que fica?


"Once upon a time...

Um nobre e tolo rapaz, tão esperto mas tão bobo...
Vivia em sua restrita sabedoria, caminhando pelos vales da vida...
e de tanto confiar, nunca desconfiara que as coisas ruins sempre estavam ao seu redor..
até que certa vez, fez-se necessário abandonar...
-Abandonar?
Sim! Tomar caminhos que lhe foram trilhados mesmo antes de que fosse gerado! Caminhos estes que por mais que não planejados por eles, rumavam a um único destino: O que lhe pertencia!"

...e assim cada qual trilha seu próprio caminho!

Hoje, repentinamente me coloquei a pensar: "Quando foi a ultima bifurcação que passei?"
engraçado, não é qualquer bifurcação, mudança ou escolha, mas sim aquela que nos proporcionou o nosso presente...

Simplesmente caí em confusão por não saber o que exatamente tinha acontecido!
...e qual é a motivação para isso?
"Pergunta sem resposta!"
Porém tenho minha sugestão: acredito que deixei de viver minhas preocupações por aquilo que estava por vir!
Certa vez, após muitas aceitações me cansei...
Pensei em possíveis erros, ações ou qualquer coisa que me fizesse entender as situações e simplesmente nada funcionou!
N-A-D-A!
É humano pensar que há explicação imediata para tudo e isso é mero engano!
Se hoje pudesse dar um conselho a qualquer pessoa perdida, faria o possível para que entendesse que quanto mais se procura explicação, mais se encontra confusão...
...e então só resta uma opção:

"...deixe estar..."

Ignore o tempo ao ponto de ter a oportunidade de entender o que realmente lhe faz bem, pois nem sempre o que achamos que nos faz bem DE FATO é o que nos pertence... é como se buscássemos algo que nos faz bem sem saber que em um lado oculto, o desconhecido apenas fizesse o contrário! Na hora certa você saberá o que fazer, siga as intuições!

Confuso, não é mesmo?

Acaba que com essa atitude introvertida as coisas entram no eixo de tal forma e a vida acaba nos mostrando quem realmente merece o que vem de nós...

Hoje agradeço por ter algumas poucas e verdadeiras companhias, onde elas atravessam diversos elos ou acabam se tornando um novo!

Algumas se tornam ausente, mas mesmo após a distância sabemos que o que existe vai além do interesse...
outras estão sempre uníssonas, tragadas dos mesmos bordões internos...
e outras novas que chegam pra acrescentar...

E veja bem, até mesmo quem te reprime te acrescenta!

Em nossa curva vida, aprendemos a digerir a maturidade sempre das formas mais difíceis que se pode imaginar!

Hoje acabo voltando a esse velho cantinho negro de muitas histórias, onde releio poucas delas e vejo o quanto as coisas mudaram...

Vejo quantos tijolos se formaram ao longo do tempo... alguns firmes no presente, outros insossos que fizeram parte do passado e alguns outros que não merecem nem um pouco estar no futuro...

"Tá cuspindo no prato que comeu, não é moleque?!"
Longe de mim! Agradeço imensamente!
Agradeço por me acrescentar e ver algumas covas se cavam com a própria mão e que a falsa impressão de lealdade é o que rega seus jardins!
Agradeço por me mostrar que simplesmente não fui peça em seus próprios quebra-cabeças
Agradeço por me fazer acreditar ter sido peça importante para sabedoria!

Agradeço por cada passo que me fez encontrar o que hoje sou e onde estou!

Amanhã, pode ser que este seja um capítulo de uma história maluca cheia de vícios!
Mas dentro de mim espero e vivo na esperança de estar vivendo o caminho certo...
Não sou dono do que é ou do que será! De certo fui dono do que fui, hoje não mais, mas um dia sim...

Outro conselho para aqueles que não fazem questão de perguntar:
Seja puro, mesmo no erro seja puro! Puro para reconhecer erros e acertos! Siga com hombridade seu caminho, nunca será em vão... pois um dia saberá onde foram caminhos em areia frágil, ou em terreno firme...

Aprenda! Faça silêncio para entender o barulho...
O caminho sempre nos faz perder diversas coisas, coisas desapegadas que nos presenteiam com novas...

Enfim... viva, agradeça, diga, perdoe, seja sincero consigo e nunca se esqueça de que o que é bom veio do que é bom e o que é ruim veio do que foi ruim mas tudo necessário para ser o que se é!

Muito embora este lugar esteja rodeado de notas mentais, aposto um dedo que não é um desejo singular!

...e afinal ...o que fica?
Fica tudo aquilo que é puro!

(Cada segundo é INFINITO.)

terça-feira, julho 12, 2011

Hipocrisia.

A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.

"Yes, nós temos!"
Sim!
Fico INFINITAMENTE LISONJEADO por tamanha hipocrisia que me cerca...!
até que ponto podemos realmente chamar os que nos cercam de amigos?
até que ponto podemos esperar o MÍNIMO de respeito de pessoas que anseiaram sonhos e dividiram tristezas, planos até chegar ao ponto de jogar tudo ao chão?
Sim, as vezes me sinto ENOJADO com a capacidade de cada um...
"A ocasião que faz o ladrão!"
e...
roubaram-me!
roubaram-me a confiança, já não existe mais...
roubaram-me a consideração, não demonstraram e nem sequer a sentiram...
roubaram-me o respeito, isso é vital...

"Naquele castelo moram principes!
Naquele castelo havia a Vida!
Hoje o castelo foi destruído...
e hoje me resta apenas antipatia!"

(exagero, apenas veio à ponta dos dedos! poderia trocar "antipatia" por "ira" mas não teria nexus...)

Venho a te perguntar, pergunto a qualquer um:
- Quem realmente são teus amigos?
- Quem são aqueles que valorizam o mútuo respeito?

Escutei Ana esses dias pra trás...
ouvi alguém entoar, recitar... pensei "faz sentido..."
hoje, melhor do que nunca, merece que marque com o eterno...
O registro é sempre o que fica não é mesmo?

"(...)Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesto ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
" - Deixa de ser bobo, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba."
E eu vou dizer:
"- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".
E eu direi:
" - Não admito! Minha esperança é imortal!"
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final."

tenho mudado...
e tenho mudado...

certa vez disse a velha colombina...
"..aquele virtual morreu, matei!"
Hoje ele está de volta...
não quer explicar nada do que foi dito a ninguém, apenas quer dizer...
e tenho dito.

tá feito.

(acredito que o efeito dominó é apenas uma consequencia... turbilhão de acontecimentos ruins que sempre passam...)

este é mais um ciclo.
ciclo da decepção.

quinta-feira, abril 07, 2011

Changes... [again], Water and Black Wings

Há tempos...
Há tempo...
Havia tempo que realmente não conseguia simplesmente soltar pensamentos apertando teclas...
Ainda acredito que eles não estão soltos o suficiente ao ponto de ter nexo...
sim, é até delirante pensar assim, mas acredito que existem fases na vida de um ser humano que pode se comparar com água...
daí surge a exclamações como:

"-Tá maluco filho, Á-G-U-A ?"

sim... ao estado físico dela...
até onde me lembro, são três, 'sólido, liquido e gasoso'
outra exclamação "-Iihhh, pirou de vez!"
então vamos lá...

há pessoas que estão num estado de inércia, num estado gélido de ser onde as coisas simplesmente indiferem, não há cor, não há desejo algum além do desejo retraído de não querer nada, simplesmente nada!
e é nesse estado que as pessoas fadam a se enterrar no próprio ser, somem em si! triste "Sólido" fim... até que o desejo de mudança chegue...

outrora, alguns se deparam num estado que mesmo querendo fazer a diferença pra alguém, não passam de leves brisas na vida alheia, ao máximo de esforço que fazem amenizam algo e passam até desapercebidas... é como o vento, é indolor, indiferente, as vezes irrelevante...

já o estado mais comum é o 'líquido', quando se escoa em todo lugar, não fixa em nada! Acabamos por percorrer todo o percurso se adaptando a ele, sem colocar muitas regras, o famoso clichê de "dançar conforme a música"... talvez a inconsequência faça parte desta etapa... fazemos loucuras, não ligamos pro alheio, simplesmente fazemos o que é conveniente, o que nos é atrativo apenas...


enfim, os três estados são semelhantes no tocante indiferença...
indiferença sempre poderá estar presente em nosso meio ATÉ o momento que vc decide mudar...
acredito que sempre falando em mudanças, em mudar e em coisas do tipo tomei pra mim como verdade que as mudanças nunca acabarão... estamos passivos a melhorar ou piorar ao longo da vida, ninguem se torna tão inerte que não mude o mínimo que seja, mesmo voluntariamente ou involuntariamente... sim, mudamos!

as vezes as mudanças podem ser provocadas por necessidade....
dizem que é a ocasião que faz o ladrão né?
as vezes...
as vezes precisamos de conselhos pra mudar...
as vezes precisamos apanhar pra aprender e tentar mudar...
as vezes um simples ato rotineiro de alguém que não faz parte de sua rotina o instigue a mudar...
e quase sempre a reflexão de si mesmo o mude...

tive uma experiência recente que um 'simples filme' me colocou a pensar...
há quem diga que sou algum maluco, e realmente concordo as vezes...
mas o filme me colocou a pensar que as vezes seguimos nossa vida de forma insossa que acabamos que pensamos ser bons em 'ser bom', mas acabamos gessados a um esteriótipo sem equilibrio...
ser bom demais estraga...
ser ruim demais estraga...
o que precisamos é sermos equilibrados, ou ao menos buscar equilibrio...
grosseiramente e resumidamente falando o filme retrata uma personagem que "se vê" involuntariamente boa em ser boa...
ser uma boa pessoa por ser uma boa filha, boa profissional, boa cia...
mas não é o suficiente pra alcançar o que ela galgou que era a perfeição...
pra conseguir, foi imposto a ela que ela precisaria de características diferentes do 'ser bom'...
e por fim acaba descobrindo que também era boa em ser 'ruim', o lado 'dark wing' da coisa... e que nesse intervalo muitas novas coisas acontecerão...
a diferença que tamanho é o conflito do equilibrio que ele pode se tornar desequilibrio, se tornar uma batalha contra si mesmo e que se não tivermos cuidado, o ápice do domínio pode gerar sofrimento, dor, e no caso da personagem, 'a morte' (extremo demais ao meu ver)
"- Tá bem NeXus, e o que isso quer dizer?"
Em mim, quer dizer que precisei refletir que precisamos ter freio pra não tomar proporções negativas, e assim o fiz...
Acredito que fiz escolhas, dei passos conforme me encontrei...

"...toda ação tem sua reação..."
Tenho plena consciência disso, mas tenho buscado o que me faz bem...
Sei que inúmeras outras coisas acontecerão, mas ainda acho que é melhor buscar o melhor pra mim, buscar meu equilibrio do que dar vazão ao 'prejuízo' ou malefícios...

e mais uma vez, em mais um ciclo...
preciso apenas de uma pitada de coragem e sabedoria, pois assim terei passos firmes!

aqui vamos nós!

Here we go again!

quarta-feira, janeiro 19, 2011

here we go...

well....
I know that I want...
and I know, I don't speak or write in english very well...
I just like it!
so...
i've wanted one thing in last days...
listen this music and believe in all words...
maybe this is a intense way to talk...
or maybe nobody undesrtand this...
OR maybe nobody ready this...

chooses makes our destinys...
chooses define destinys...
or choices define our destinys..
i dunno...


so lil'grl...
'listen'...

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Just The Way You Are
Bruno Mars

Oh her eyes, her eyes
Make the stars look like they're not shining
Her hair, her hair
Falls perfectly without her trying

She's so beautiful
And I tell her every day

Yeah I know, I know
When I compliment her
She wont believe me
And its so, its so
Sad to think she don't see what I see

But every time she asks me "Do I look okay?"
I say

When I see your face
There's not a thing that I would change
Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing
Just the way you are

Her lips, her lips
I could kiss them all day if she'd let me
Her laugh, her laugh
She hates but I think it's so sexy

She's so beautiful
And I tell her every day

Oh you know, you know, you know
I'd never ask you to change
If perfect is what you're searching for
Then just stay the same

So don't even bother asking
If you look okay
You know I say

When I see your face
There's not a thing that I would change
Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing
Just the way you are

The way you are
The way you are
Girl you're amazing
Just the way you are

When I see your face
There's not a thing that I would change
Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing
Just the way you are
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c'ya in another life brotha!
o/

domingo, janeiro 16, 2011

...e agora mais um ciclo se encerra....

2 anos, 1 mes e 4 dias....
Esta foi a duração deste ciclo....
A última peça de móvel foi retirada, mas pedaços de mim por lá ficaram...
Ainda assim tenho que aprender a praticar o desapego...
Como certa vez disse que o que é importante deve ser registrado
...e aqui se encerra um velho ciclo...
Ou talvez seja o inicio de um novo...
Não sei bem ao certo...
E na verdade nem sei se quero saber...
Como diz Maria Bonita moça que escutou de um velho cangaceiro (ou de um cangaceiro velho):
"...viva o momento!"
e então, "hoje eu só quero que o dia termine bem!"
e então, vamos lá!

C'ya!